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Mas afinal, como um líder deve apoiar o uso do Canal de Denúncias nas empresas?

Mas afinal, como um líder deve apoiar o uso do Canal de Denúncias nas empresas?


Antes mesmo de adentrar o tema Canal de Denúncias nas empresas, quero exercitar um sentimento que amo praticar: a gratidão. 

Agradeço a oportunidade de firmar uma parceria com a Contato Seguro, uma empresa pioneira na implementação e gestão de valores éticos que servem de alicerce para a realização de negócios cada dia mais íntegros,  guiados por um propósito totalmente alinhado aos meus valores morais e profissionais.

A partir de hoje, compartilharei, mensalmente, um artigo aqui no blog, criado a partir da minha experiência de mais de vinte anos no atendimento a grandes empresas da iniciativa privada e instituições públicas de todo o Brasil.

Então, vamos ao trabalho!

Um breve panorama sobre Gestão de Pessoas e Canal de Denúncias

Quando iniciei minha carreira profissional, a máxima comportamental do ambiente corporativo poderia ser sintetizada na seguinte frase: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. 

Este entendimento diz muito sobre o “exercício de poder” que embasava a Gestão de Pessoas neste período e posso afirmar que vivenciei, em várias oportunidades, uma série de condutas consideradas inaceitáveis nos dias de hoje.

Em um passado não tão distante assim, a gestão se confundia com o poder e o “mando”. 

Lamentavelmente, as condutas abusivas quase nunca recebiam um tratamento adequado e a implementação do Canal de Denúncias nas empresas sequer era cogitada. 

Pois bem, o tempo passou e hoje, podemos celebrar conquistas como a criação da Lei 14.457/22, sancionada em setembro do último ano, que determinou a obrigatoriedade do Canal de Denúncias para as empresas com CIPA.

Essa legislação institui o Programa Emprega + Mulheres,  criado com o objetivo de incentivar a contratação e permanência de mulheres no mercado de trabalho. 

Vale destacar que, mesmo voltado às mulheres, este programa carrega um compromisso que transcende o público feminino: sua existência serve para criar ambientes de trabalho mais seguros, transparentes e éticos para todos, independentemente de gênero.

Enfim, a reflexão está ótima, porém estou aqui para falar de forma mais objetiva sobre como a liderança deve agir no processo de suporte ao Canal, para que esta ferramenta, de fato, traga os benefícios que promete. Confira a seguir!

Mas afinal, como um líder deve apoiar o uso do Canal de Denúncias nas empresas?

Para início de conversa, entendo que, de imediato, gestores e gestoras precisam participar de processos de capacitação para atualizarem seus aprendizados sobre o tema.

A educação continuada sobre o Canal deve ser uma constante na vida de cada líder, até que se tenha uma compreensão clara sobre a importância dessa plataforma para a empresa e todos os seus colaboradores (ou servidores, como no caso das instituições públicas).

Independentemente do tipo, porte, ou área de atuação o Canal de Denúncias é benéfico a qualquer ambiente de trabalho onde se há a premissa de respeitar as pessoas e a promoção das condutas íntegras. 

Ao mesmo tempo em que a plataforma é importantíssima e proporciona diversos benefícios, ainda são muitos os mitos e medos quando falamos sobre o Canal de Denúncias nas empresas.

Por isso, no exercício da liderança, é fundamental que o gestor ou gestora esclareça à sua equipe os pontos cruciais que transmitem e fortalecem a credibilidade e a segurança dessa plataforma.

No meu entendimento, esses pontos são:

1. Para ser efetivo, o Canal de Denúncias precisa garantir a confidencialidade e permitir o anonimato

Aqui nós precisamos “desmembrar” os conceitos, para evitar eventuais dúvidas.

A confidencialidade resulta numa certeza de garantia do sigilo das informações, para quem faz a denúncia, ou seja, o fato de que tudo o que é relatado ao Canal está “à prova de invasões” e possíveis vazamentos de informações que precisam ser confidenciais. 
Outra questão relevante para destacar aqui é a necessidade do líder elucidar às suas equipes a possibilidade de anonimato, já que na realização de uma denúncia, o relatante pode escolher entre revelar quem é ou ocultar a sua identidade.

2. Líder, para evitar prejulgamentos, tenha a empatia e a compaixão como valores

Quem “sentiu na pele” uma situação de assédio no trabalho ou testemunhou a ocorrência de algum comportamento abusivo, muito provavelmente está vivendo um momento de estresse absoluto.

As más-condutas afetam o clima organizacional e podem trazer danos psicológicos para as pessoas que estão às enfrentando. 

O processo de denúncia exige muito do emocional de quem vai exercer o seu direito de denunciar. Pensem no quão doloroso é relatar uma infração. Quantos atos de superação foram desencadeados para que o denunciante tenha vencido a dúvida, a insegurança e o medo.

É por esse motivo que os líderes precisam reforçar a função do Canal de Denúncias nas empresas como a forma mais eficaz e segura de abandonar o “peso” da convivência com a irregularidade. 

Nesse sentido, é necessário salientar que, ao procurar o Canal e fazer a denúncia, o colaborador estará completamente seguro durante o processo, sem correr riscos de ter o teor do relato exposto a outros colegas ou qualquer outra indiscrição do tipo.
No caso do Canal de Denúncias da Contato Seguro, existe um diferencial que dialoga diretamente com essa questão: o fato de que todas as denúncias são recebidas por um time de psicólogos-ouvidores, treinados para baixar o estresse do manifestante e capturar as informações com o máximo de detalhamento, processo que facilita a averiguação posterior e aplicação das responsabilidades cabíveis.

3. O canal de denúncias não pode ser usado como instrumento de punição para desestabilizar a carreira profissional de ninguém

É preciso evitar ao máximo qualquer ato inconsequente, oriundo de profissionais muito impulsivos e com “ego inflamado”, que não aceitam conviver com certas “divergências”. 

O profissional que tentar “implantar uma denúncia falsa” estará desrespeitando a real função do Canal e comprometendo a si próprio.

Uma medida disciplinar só acontecerá mediante a certeza da ocorrência concreta da irregularidade, nunca de suposições. 

Todo relato é avaliado de forma muito cuidadosa pelo Comitê de Ética da empresa ou da instituição pública. É preciso deixar evidente para todos que cada denúncia será efetivamente analisada em seus mínimos detalhes.

É fundamental educar os colaboradores para que eles entendam o real sentido da ferramenta e não utilizem-a de forma mal intencionada. 

Um método altamente eficaz é a realização de treinamentos e campanhas de comunicação sobre o bom uso da ferramenta.

4. O colaborador deve estar ciente que não sofrerá com retaliações

É preciso deixar claro às equipes que, nenhum denunciante de boa-fé sofrerá retaliação.

Muitas vezes, os profissionais não se sentem seguros em fazer qualquer tipo de relato, mesmo vivendo cotidianamente em um ambiente de trabalho permeado por atitudes abusivas.    

Esta atitude vem, geralmente, como consequência do receio de ser exposto e acabar sofrendo consequências negativas, como até mesmo perder o próprio emprego.

Lembre-se de reforçar sempre este argumento, para que todos sintam-se convictos da proteção que o Canal assegura.

5. Fique atento ao clima da sua equipe

No meu entender, seja a denúncia efetiva ou inverídica, ela é sempre uma indicação de que há ajustes a serem feitos no clima organizacional e na cultura da empresa. 

Há uma necessidade de rever diretrizes, assim como trabalhar a segurança psicológica e jurídica das equipes. Muitas vezes, será preciso “mitigar” a resistência às mudanças que, hoje, mais do que em qualquer outro tempo, são 

indispensáveis. 

Estamos diante de consumidores cada vez mais críticos e exigentes quanto à postura das empresas em relação à adesão aos valores éticos, aos posicionamentos favoráveis à diversidade e inclusão e, principalmente, à responsabilidade social.

Para muitos, estar alinhado a esses propósitos pode parecer algo “disruptivo”, por isso é importante trabalhar antecipadamente, reeducando os profissionais e ajudando-os a acolher o novo. 

É preciso colocar em prática ações que promovam engajamento e comunicação para essa nova realidade.

A relação de confiança precisa ser fortalecida diariamente, já que tudo é absolutamente inútil sem a presença da integridade.

Devemos incentivar os nossos colaboradores a fazer o “certo” pelas razões certas, mesmo quando não há ninguém vendo.

É neste contexto que o Canal de Denúncias nas empresas passa a ser uma importante ferramenta na missão de auxiliar os gestores a potencializar a liderança das suas equipes.

Conclusão

Toda empresa é feita de pessoas e para pessoas e o Canal de Denúncias é parte do compromisso ético institucional que toda organização deve firmar.

Deste modo, o Canal de Denúncias nas empresas serve como uma ferramenta de melhoria de gestão.

Por isso, a cultura organizacional precisa ser fortemente trabalhada nas mínimas ações: é ela quem vai apoiar ou barrar a adaptação das empresas a esse novo contexto alicerçado na ética. 

De acordo com Carolyn Taylor, da Walking The Talk, a cultura nada mais é do que um padrão de comportamento resultante das “mensagens” recebidas pelas pessoas sobre como se comportar. 

É o que as encoraja (e também o que as desencoraja).

Se a cultura é resultante de comportamentos observáveis, para que o negócio execute sua estratégia de forma impecável, estes comportamentos deverão estar a serviço desse objetivo maior. 

E quem dá o tom desses comportamentos? A líder ou o líder. 

Todos os seus passos são, de fato, o que vão mostrar aos seus colaboradores ou servidores, como eles devem se comportar. 

Assim sendo, o exemplo de cada liderança será decisivo para que as pessoas se sintam seguras, inclusive para realizarem uma denúncia. 

“Não é o que o líder diz que vai influenciar o comportamento dos outros, é o que ele faz.” (Carolyn Taylor) 

Gestores e gestoras, a mudança começa em nós.

Bora melhorar o mundo!  


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Jo Lima é Palestrante e Instrutora de Cursos dos temas: Resiliência, Inteligência Emocional, Liderança e Gestão de Equipes e Atendimento aos Clientes. 

Profissional com mais de vinte anos de experiência, atendendo empresas privadas e instituições públicas de todo o Brasil.