O que é resiliência e como ela pode mudar a sua vida
Entenda o que é resiliência, como ela pode te transformar e, consequentemente, transformar a sua vida
Você sabe o que é resiliência? Já ouviu falar disso? Vou compartilhar contigo a importância e o significado da resiliência na minha vida e como ela transformou a minha trajetória, me possibilitando acolher o caos como uma oportunidade de aprendizado, me fortalecendo emocionalmente e se tornando minha filosofia de vida. Sim, vamos falar de caos também, que é o estado de extrema confusão a que somos submetidos em diversos momentos de nossas vidas, estado esse que foge dos nossos planos e controles e para os quais precisamos nos adaptar.
Voltando à Resiliência, se alguém me perguntar quando esse tema entrou na minha vida, eu nem sei responder, porque desde que nasci o conceito de Resiliência foi acionado à minha existência.
A Resiliência em minha vida
Nasci prematura e mamãe me diz que eu fui guerreira para me manter viva, ou seja, a resiliência está presente e atuante na minha trajetória de vida. E isso ocorreu mesmo antes de eu ter plena consciência do significado de resiliência, da sua eficácia e de como ela é fundamental para que possamos superar nossos limites, ressignificarmos nossas crenças e trabalharmos a favor das nossas realizações.
Passei minha infância e juventude vivendo com minha família em um contexto de muita escassez. Faltava tudo, moradia, alimentação, autoestima, dentre tantas outras coisas que a pobreza impõe. As perspectivas de evolução na vida pareciam tão profundas quanto uma lâmina d’agua. E isso é bem desafiador para uma pessoa que desde sempre teve ambições, que não se conformava com a realidade em que nascera e vivia. Então, haja sofrimento e inquietude, haja inconformidade e desapontamentos.
Mas uma coisa eu tinha como cem por cento certa, eu desejava viver na abundância, eu sempre quis ter liberdade de escolhas, sempre fui curiosa. Assim, a única forma que percebi como sendo possível para que eu mudasse o meu contexto de vida foi através do conhecimento. Eu tinha e tenho a certeza de que é através do conhecimento que podemos realizar aquilo que sonhamos para a nossa vida.
Foi com a certeza de que sairia do buraco da miséria, que decidi sair da minha cidade natal, Aracaju, e ir morar em Porto Alegre, aos 23 anos de idade. Essa foi o que considero hoje a decisão mais importante da minha vida: buscar e trabalhar a favor dos meus sonhos.
A Resiliência em minha vida: deixei Aracaju para trabalhar a favor dos meus sonhos aos 23 anos de idade
A Mudança para Porto Alegre
Assim que cheguei em Porto Alegre, vivi um choque de realidade brutal, tudo era inóspito para mim, desde a cultura, a dinâmica da cidade e também o frio que me testou bastante, a ponto de inúmeras vezes eu ficar assustada inclusive com o barulho do vento, que às vezes parecia uivar nos meus ouvidos.
Mas mesmo nos momentos mais difíceis, onde o choro corre solto e parece que estamos a ponto de não darmos conta da realidade, eu sempre retomava a máxima de que eu estava em Porto Alegre por um grande propósito: o conhecimento.
Então comecei a estudar, sem as mínimas condições financeiras para dar conta de uma faculdade particular, e me virava como podia, para me manter estudando. Fui bolsista e monitora no período de graduação e, passados dois anos e meio de faculdade, consegui um emprego na própria Universidade. Essa foi uma mudança extraordinária na minha vida, porque a partir disso eu já podia viver em melhores condições, tanto financeira como também de resiliência mental para manter-me focada no meu propósito.
E foi no ambiente de trabalho que, literalmente, precisei aprender o que é resiliência.
A Resiliência no ambiente de Trabalho
Você já sentiu um desejo genuíno de dar um sacolejão em algum colega de trabalho? Pois era assim que eu sempre reagia diante do caos, porque eu partia do pressuposto de que quem estava trabalhando comigo deveria ter o mesmo senso de entrega que eu tenho. E, por pensar e agir assim, quando assumi um cargo de gestão, me tornei uma gestora tarefeira, centralizadora e praticamente competia com a minha equipe de trabalho.
Eu levei um bom tempo para me dar conta de que as pessoas são diferentes e reagem de forma diferente no momento de caos. Eu penei muito para entender isso e passar a perceber que é justamente a diferença que traz qualidade ao trabalho coletivo, porque as pessoas se complementam e se apoiam quando têm uma resiliência desenvolvida.
Foi nessa conjuntura que passei a estudar o conceito de resiliência, especificamente para me tratar, para me tornar um ser humano melhor e que consegue trabalhar saudavelmente no coletivo, pois tenho a consciência de que é em equipe que conquistamos os grandes feitos.
Naquele período, a resiliência era uma ilustre desconhecida no nosso país. E, se fizermos uma análise mais profunda, nos daremos conta de que o desenvolvimento comportamental ainda é muito incipiente nos quatro cantos do Brasil.
A Resiliência no ambiente de trabalho – por que é importante desenvolvê-la
O significado de Resiliência
Para facilitar o entendimento do significado de resiliência, é preciso ter claro que o termo resiliência é muito antigo, pois vem do latim, que significa "resílio, voltar a um estado anterior".
Os primeiros estudiosos a trazer a Resiliência para o dia a dia foram os Estudiosos da Física, com o seguinte conceito: Resiliência é a propriedade que alguns materiais apresentam de voltar ao normal depois de serem submetidos a máxima tensão. Já nas Ciências Humanas, quem primeiro trouxe o conceito de resiliência foi Frederic Fleck. Segundo ele, a Resiliência é a capacidade de um indivíduo mesmo num ambiente desfavorável, construir-se positivamente frente às adversidades.
Para você ter uma ideia, até o início da década de 1990, estudos demonstravam que algumas pessoas vinham ao mundo resilientes e outras não. Somente a partir do final da década de 1990, os estudiosos do tema chegaram à conclusão de que todos nós nascemos com a capacidade de desenvolvermos a Resiliência e é o meio que potencializa a nossa competência emocional.
Hoje, quando falamos em Resiliência, devemos pensar mais na capacidade de se adaptar às mudanças. De que tudo é fluxo, tudo está em constante processo de mudança e nós temos que mudar junto, mas sem perder a nossa essência.
Nós já sabemos que QE (quociente emocional) pode ser aprimorado e desenvolvido ao longo da nossa vida. Desse modo, usar as emoções com inteligência, além de contribuir para o êxito profissional, influencia positivamente os nossos relacionamentos, a nossa saúde e a maneira como lidamos com os nossos desafios diários.
Competência Emocional
O mundo está cada vez mais complexo e exigindo de cada um de nós mais competência emocional para lidar com adversidades, especialmente se você busca alcançar alta performance naquilo que faz. Estudos demonstram que uma pessoa sofre em média 16 situações adversas por dia (caos). Estas adversidades são inerentes a qualquer profissão e, por mais que tentemos nos planejar para que não ocorram, seguirão acontecendo. No entanto, a forma como reagimos é nossa escolha. E o processo de aprender a reagir de forma positiva chama-se Resiliência.
Nós não podemos mudar as circunstâncias, mas é possível aprender a perceber nossas emoções e a gerenciá-las de uma forma que nos causem cada vez menos danos emocionais, físicos e sociais. Assim, para melhor gerenciarmos as nossas emoções, precisamos analisar o que são fatos e o que são puramente interpretações. Porque a grande maioria das pessoas perde tempo e energia por estar ansiosa, pensando em como tudo pode dar errado, ou se preocupa com o que os outros devem estar pensando a respeito delas.
Você certamente já conviveu com pessoas reféns das suas emoções, que oscilam de humor drasticamente, pois desconhecem que 90% do nosso sofrimento vem das nossas interpretações.
Lutar ou fugir?
Percebo com o meu trabalho, atendendo em todo o nosso país, tanto empresas privadas quanto instituições públicas, que grande parte dos profissionais reage às adversidades com duas posturas bem delimitadas, que são de luta ou de fuga (do inglês, "fight or flight"). Muitas pessoas me dizem que, em suas conversas, acabam por se expressar com um tom grosseiro, ou choram de forma excessiva; fogem de diálogos importantes, sabotando seu processo de evolução; ou trazem, para suas conversas mais desafiadoras, questões pessoais que acabam por comprometer as suas relações interpessoais e afetam o seu desempenho laborativo e o convívio com os outros.
Acontece que eu acredito piamente que o caos nos qualifica e as adversidades nos fortalecem. E aquilo que não nos desafia verdadeiramente não tem como nos transformar.
De tanto me dedicar aos estudos sobre o tema Resiliência, resolvi criar um conceito que fosse bem objetivo. Assim. qualquer pessoa que nunca tenha ouvido falar no assunto, ao se deparar com o meu conceito de resiliência, perceberá o quanto precisa desenvolver esta competência emocional, que nos fortalece e nos ajuda, de forma consistente e significativa, a superar nossos desafios de vida pessoal e profissional.
Lutar ou fugir? Como você reage às adversidades?
O que é Resiliência para mim
Resiliência é a capacidade de ter conduta sã em meio ao caos. E de caos todo nós entendemos, mas quantos de nós respondemos de forma lúcida quando acontece uma adversidade? É isso que busco levar para todos aqueles e aquelas que participam dos meus Treinamentos e Palestras sobre Resiliência: a convicção de que é no caos que mostramos para os outros a nossa verdadeira essência, porque dentro das condições ideais todo mundo pode reagir lucidamente, mas é no momento de caos que involuímos emocionalmente e nos potencializamos.
Ou seja: se nós lidarmos no nosso dia a dia com alguém que naturalmente tenha um tom de voz mais marcante, no momento do caos nós perceberemos esta pessoa gritando com os outros. Outro exemplo comum de reação ao caos são os relatos que escuto de participantes dos meus cursos, dizendo que emocionalizam muito o que vivem e na hora do caos se percebem chorando copiosamente. Também tem pessoas que me falam que, diante de adversidades, elas travam, ficam mudas e muitas vezes levam tempo para racionalizar a situação de adversidade, até conseguirem reagir e mesmo assim de forma tardia.
Resiliência é a capacidade de ter conduta sã em meio ao caos | Jo Lima
Resiliência: um conceito apaixonante
É por isso que a Resiliência é um conceito apaixonante para mim, pois percebo que a grande maioria das pessoas desconhece as suas capacidades emocionais e justamente por isso acabam se sabotando ao longo da vida, sem conseguirem desenvolver sua melhor versão, tornando-se espectadores daqueles e daquelas que têm coragem de trabalhar a favor de si mesmos e têm humildade de estarem abertos ao aprendizado comportamental, que, assim como um ensino técnico, também pode ser aprendido, ressignificado, refinado, potencializado.
Convivemos, costumeiramente, com pessoas que nunca pararam em um momento de suas vidas para refletirem sobre si mesmas, que pouco ou nada se conhecem e que delegam aos outros suas frustrações, medos e inconstâncias, coisas que podemos transformar, à medida que passamos a nos colocar na nossa própria agenda e refletimos sobre nós mesmos, nossa forma de perceber os outros e a nós mesmos. A partir daí, tomamos as rédeas da nossa vida e passamos a trabalhar a favor de um desenvolvimento contínuo do nosso emocional, que necessariamente passa pelo aprimoramento da nossa Resiliência, que é o alicerce da nossa competência emocional.
O processo de superação e mudança
Também preciso ressaltar que o processo de mudança exige de nós muito comprometimento com o nosso bem-estar, pois sempre digo que a mudança tem uma porta que só se abre por dentro. As pessoas podem torcer por uma mudança de comportamento nosso, mas de fato isso só vai ocorrer quando assumirmos o compromisso com nós mesmos e nos autorresponsabilizarmos por nossas escolhas.
E é isso que vejo como um dos principais pontos de melhorias das pessoas no nosso país, a capacidade de se responsabilizar por suas escolhas, ação que pra mim é libertadora, porque nos coloca como protagonistas da nossa vida. A partir disso, deixamos de agir como coadjuvantes, que vivem à mercê dos outros: nos tornamos resilientes. Lembrando que o processo de mudança decorre de uma vontade genuína, que nos possibilita passar a agir a favor daquilo que almejamos, da realização dos nossos sonhos, e também potencializa nossa capacidade de tornarmos nossas vidas mais interessantes e cheias de possibilidades.
Assim, na minha concepção, o aprimoramento da nossa Resiliência possibilita nos reinventarmos e também conseguirmos desfrutar mais e melhor da nossa trajetória de vida, pois passamos a entender as experiências boas ou negativas como um processo de aprendizado contínuo, que vai nos aprimorando ao longo do tempo e que viabiliza inclusive novas perspectivas sobre o que entendemos por desafios.
Resiliência: uma filosofia de vida
Resiliência: uma filosofia de vida
Passados mais de 17 nos de estudo sobre o significado de resiliência, interagindo com os mais diferentes perfis de pessoas e trabalhando em todo o nosso país, eu posso dizer que a resiliência passou a ser minha filosofia de vida.
Assim, me dedico a difundir a sua importância para podermos alcançar nossas metas de vida pessoal e profissional de forma agregadora para nós e para todos aqueles e aquelas que nos cercam, pois uma coisa é certa: a gente não se basta. Afinal, é na coletividade que alcançamos nossos principais objetivos e cada vez mais o trabalho e a vida, em todas as suas dimensões, passarão a exigir de nós um senso de colaboração muito forte.
E somente agindo de forma resiliente, nós conseguimos perceber e reconhecer o valor dos outros na nossa vida, passamos a agir de forma positiva, a favor da coletividade, e nos adaptamos mais facilmente às mudanças que acontecem de maneira constante.
Sim, nós precisamos aprender com o caos e sermos resilientes!