Vivemos numa sociedade pautada pela velocidade e também pelo esgotamento físico, mental e emocional. Valorizamos as pessoas que são hiperativas e inquietas, como se isso fosse fácil para todas as pessoas adotarem como um lema de vida e acabamos por não respeitar o tempo dos outros, porque cada vez mais temos um senso de urgência infantil, que é diariamente estimulado por vários estímulos que recebemos, basta você ter um celular a mão.

Somos estimulados a cumprir múltiplas tarefas, a assumir múltiplas responsabilidades e aumentarmos nossa produtividade como se robôs fôssemos e não seres humanos, que está enfrentando uma crise sanitária sem precedentes e em nível mundial; que tem suas vulnerabilidades e que precisa e deve contemplar e valorizar a vida além do trabalho diário, que cada vez mais se estende para além do horário de trabalho pré-estabelecido.

Estamos Glamourizando o excesso de atividades. Você sai do trabalho, mas o trabalho não sai de você. 

Há alguns anos atrás, quando se falava em doenças relacionadas ao trabalho, a primeira referência que as pessoas rapidamente pensavam era em LER (lesão por esforço repetitivo) ou até mesmo alergias. Mas hoje, é comum nos referirmos a depressão, estresse, ansiedade ou até mesmo a síndrome de burnout (que é conhecida como o esgotamento profissional. É um estado de estresse extremo e crônico, geralmente provocado por sobrecarga ou excesso de trabalho) e estas doenças estão presentes em todas as profissões. Principalmente nas que envolvem muitas responsabilidades e pressão.

Além disso, a sobrecarga de trabalho provocada pela rotina de home office, potencializada pelo isolamento social, também faz com que o adoecimento emocional se tornasse nos tempos atuais um problema a ser enfrentado por todas as empresas, porque estamos nos tornando uma sociedade cansada e distraída, sem foco na solução.

Mas o que é sociedade do cansaço?

Essa teoria foi fundamentada pelo filósofo coreano Byung-chul Han, que traz o entendimento de que a exaustão que muitos profissionais estão sentindo nos tempos atuais é uma consequência do excesso de positividade criado para sustentar a “sociedade do desempenho”, na qual todas as pessoas precisam ser autênticas, inovadoras e produtivas, esquecendo que muitas vezes essa imposição pode gerar um aumento significativo de profissionais depressivos e fracassados, que não sabem lidar com a cobrança pela alta produtividade e o excesso de trabalho.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população. E não para por aí. Novos dados mostram que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão.

O levantamento feito pela Vittude, plataforma on-line voltada para a saúde mental, aponta que 37% das pessoas estão com estresse extremamente severo, enquanto 59% se encontram em estado extremamente de depressão. A ansiedade extremamente severa atinge níveis ainda mais altos: 63%.

Estes números são o reflexo da realidade que estamos vivendo, que é rápida, cheia de mudanças e urgências, onde muitas vezes não temos tempo sequer de assumir uma mudança e já vem outra novidade para darmos conta.

Mas como as empresas podem melhorar o bem-estar dos seus colaboradores?

1)     É importantíssimo investir em capacitações que visem o fortalecimento emocional dos profissionais, trabalhando temas como: resiliência, autoconhecimento, liderança e comunicação interpessoal.

2)     Inserir no ambiente de trabalho práticas que aliviem o cansaço e promovam a qualidade de vida para seus colaboradores, como a ginástica laboral, a criação de espaços lúdicos na empresa, suporte psicológico, parceria com academias de ginástica para que os colaboradores tenham na sua rotina diária a prática de atividades físicas.

3)     Promover na empresa uma cultura organizacional onde os colaboradores se sintam relevantes e cuidados.

Ao adotar estas medidas sugeridas acima, toda empresa estará contribuindo com o bem-estar dos seus colaboradores, protegendo-os de diversas doenças emocionais que são muitas vezes incapacitantes e também trabalhando a favor de atrair para sua organização talentos promissores, o que vai trazer melhores resultados em um mercado cada vez mais competitivo.

Independente de contexto de trabalho que você está vivenciando hoje, sugiro que coloque o seu nome na sua agenda e trabalhe a favor da sua saúde física, mental e espiritual, porque a vida é sua e para você estar bem para os outros e para as demandas do seu trabalho, é importantíssimo que você esteja bem consigo mesma.

Carreira é construção de vida e a nossa saúde vem antes de qualquer outra dimensão.        

*Por Jo Lima
Publicado em 27 de setembro de 2021

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 *Jo Lima é coach, palestrante e mentora em desenvolvimento humano e capacita profissionais para alta performance e gestão de equipes.
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